Bem-vindos ao Festival Internacional de Marionetas do Porto!

Igor Gandra · Diretor Artístico

Limites Humanos - Ciências e Políticas da Matéria Animada. Parte I. Neste festival, as marionetas, os objetos e as matérias ganham vida e fazem-no para nos desafiar a pensar sobre o mundo das coisas de uma perspetiva diferente – talvez mais próxima da sua – para nos redescobrirmos na nossa velha e irredutível humanidade sempre renovada.

A edição de 2020 do fimp traz-nos universos e estéticas muito diversos e que, no seu conjunto, articulam algumas possibilidades para um discurso sobre as ciências e a política na performance da matéria animada. Ora, um vírus, na sua condição ambígua de objeto inerte dotado de agência, vem também questionar o alcance da própria noção de “matéria animada”…

Uma parte destas propostas coloca-nos perante a (i)materialidade das imagens que o convívio com a multiplicidade de ecrãs no (tele) trabalho e na intimidade já nos fez interiorizar... Os objetos com a sua inocência (ou com o seu desplante, se olharmos bem) assumem no fimp a tarefa de manufaturar ao vivo estas imagens perante os nossos olhos.

Neste mesmo alinhamento, teremos ainda a possibilidade de conhecer artistas incontornáveis da performance com matérias e objetos que nos trazem corpos e rostos impossíveis, cosmogonias alternativas ou a evocação de acontecimentos na história recente da humanidade, cujo dever de memória não pode ser apagado. Cada um destes projetos acaba por nos colocar perante alguma forma poética de limite em que somos levados a questionar - o que é ainda (ser) humano, o que é possível conhecer e desejar a partir desta condição?

Nesta edição há ainda lugar para estreias absolutas, formações, mostra de trabalhos em processo e até algumas surpresas.

Nas circunstâncias atuais foram repensadas as formas de relacionamento com as escolas artísticas do Porto. Não podendo desenvolver o modelo habitual em que os alunos eram organicamente integrados na vida do festival em pleno funcionamento, encontrámos outros modos - seguramente enriquecedores do percurso destes futuros profissionais e artistas - de criar momentos de um contacto próximo com os artistas do fimp'20 e o seu trabalho.

Esta é uma edição marcada pelo surto de um vírus que poderá ter vindo para ficar, pelo menos por uns tempos. Neste contexto, procurámos o mais possível manter o programa inicialmente previsto. Deste modo, assumimos os nossos compromissos com os artistas, as equipas, as instituições parceiras e claro, o público.

É habitual num texto de abertura de programa dedicar algumas linhas a agradecimentos. Nesta situação de um relativo estado de exceção importa, mais do que nunca, clarificar esta manifestação de apreço.
Queremos agradecer aos nossos parceiros estruturantes Câmara Municipal do Porto e Teatro Municipal do Porto pelo apoio e pela confiança, ao Teatro Nacional São João que nesta edição reforçou o seu investimento no programa do FIMP; também à Câmara Municipal de Matosinhos e Teatro Constantino Nery, que nesta edição se juntam ao FIMP para o tornar ainda melhor; por fim à Direção-Geral das Artes que nesta edição voltou a apoiar o festival. Todas estas parcerias e apoios são fundamentais para a realização deste festival e todas estas instituições procuraram, à sua maneira, reagir à complexidade da situação no sector da cultura. Há ainda muito a fazer, por exemplo, em relação ao lugar da Cultura no Orçamento do Estado… Mas é um facto que ao longo do processo de construção desta edição, todas estas entidades parceiras assumiram, sem hesitações, o que estava acordado e assim souberam dar os sinais da solidariedade e da responsabilidade institucional - elementos fundamentais para enfrentarmos os desafios dos tempos que nos esperam.

Queremos agradecer também às equipas dos teatros e outros espaços parceiros, para além dos já mencionados - Palácio do Bolhão, Teatro Helena Sá e Costa, Auditório do Círculo Católico Operário do Porto e Mira Forum. Este é o devido reconhecimento às mulheres e homens que, com empenho, têm dado resposta aos constrangimentos atuais. O nosso agradecimento aos artistas que dão ‘corpo ao manifesto’ em tempos de grande incerteza e, por fim, ao público que acompanha este festival, ano após ano e que, estamos convictos, encontrará motivos para continuar a fazê-lo nesta edição.

Vir assistir aos espetáculos do fimp é seguro.

É mais do que isso, é saudável! Não apenas pelo rigoroso cumprimento das regras sanitárias mas porque o teatro é um lugar muito bem frequentado: no teatro estarão aqueles que, em consciência individual e colectiva, não cedem à cultura do medo e do isolamento, que não abdicam da cultura, do espírito crítico e da empatia.

E agora, vamos ao fimp!

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